Quando disse que iria passar um fim de semana em Frankfurt alguém espantado me disse, ninguém vai propositadamente a Frankfurt. A minha resposta foi, eu não sou ninguém. A verdade é que já havia passado pelo Aeroporto de Frankfurt já algumas vezes para apanhar voos de conexão para o Brasil ou para outras cidades da Europa.
No período de um ano 52 milhões de passageiros passaram por este aeroporto, um dos mais movimentadas do mundo, muitos destes viajantes nunca se aventuraram a sequer sair do aeroporto, assumindo que não havia nada mais do que bancos e feiras comerciais para ver, para mim era diferente, sempre que passava por lá ficava curioso em saber o que havia além daquele aeroporto, estava claro, havia chegado o momento de transformar o que sempre foi uma parada entre um voo e outro, num destino a ser conhecido.
Se Munique é a capital alemã da cerveja, Frankfurt é o centro financeiro da Alemanha. Literalmente no coração do país, em Hessen, não espere encontrar uma cidade congestionada, barulhenta e caótica. Se apagasse da paisagem os prédios de arquitetura arrojada que abrigam diversas multinacionais, o visitante que caminha ao longo do rio Meno até diria que a cidade tem uma atmosfera, digamos, bucólica.
Como estão em Frankfurt os maiores arranha-céus da Europa, que tal começar a desbravar a cidade lá do alto? Para apreciar a vista panorâmica, procure no centro da cidade, um prédio que tenha algum restaurante ou café no topo. O engraçado é que, apesar de ter o apelido de "Mainhattan" (Main, ou Meno, é o nome do rio que corta a cidade), os prédios altos, segundo os padrões europeus não bloqueiam a linha do horizonte. É um alívio para os olhos.
Em terra firme, a dica é percorrer a pé o centro da cidade. O visitante pode seguir para a praça Römer, onde a arquitetura das casas de madeira aparente contrasta com as construções contemporâneas vistas lá de cima. Outra opção é passear às margens do rio Meno, onde estão localizados 12 dos 32 museus de Frankfurt.
Na década de 90 Frankfurt tinha a intenção de roubar de Londres o título de centro financeiro da Europa, esta intenção colidiu com a realidade do século XXI e apesar de ser a capital financeira da Alemanha, nunca chegou a ameaçar o lugar de Londres neste quesito. Claro que suas ruas estão cheias de Porsches e banqueiros engravatados a usarem os ternos italianos da moda, mas a cidade acabou por fim a redescobrir o seu charme nato.
Uma das coisas que mais me fez gostar em Frankfurt foi seu ar cosmopolita, esta é a cidade com a maior percentagem de imigrantes na Alemanha, 25% dos seus habitantes não possuem passaporte alemão e outros 10% são alemães naturalizados. Com uma população formada por 35% de imigrantes Frankfurt é uma cidade diversa, a mais diversa da Alemanha.
Pergunte a um Frankfurter (habitantes de Frankfurt) como é viver na capital financeira e bancária da Alemanha. A resposta é sempre defensiva, a pessoa balançará a cabeça e dirá: não é tão mau como pensa. Por décadas a cidade vem travando uma luta para alterar sua reputação de ser somente um centro financeiro sem graça e desinteressante.
Frankfurt, aos poucos, parece estar vencendo esta batalha, a cidade vem estreitando as ruas do centro da cidade e expandido as suas calçadas para dar espaço a cafés e vida de rua em geral, abrindo ruas de comércio e reconstruindo prédios destruídos durante a guerra, a cidade está dissipando a sua aura futurista que ameaçava o seu charme medieval.
A cidade possui uma rede de transportes públicos que funciona, apesar de que a bicicleta pode ser uma excelente opção pois a cidade é quase toda plana, as ruas estão sempre limpas, a cerveja é sempre boa, as mulheres lindas e a noite animada. Na próxima vez que estiver por estes lados da Europa, dê uma chance a Frankfurt e venha se surpreender com esta cidade que literalmente está no coração da Alemanha.
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