Há certos lugares que combinam beleza natural e charme arquitetônico em doses tão precisas e surpreendentes que é difícil acreditar que realmente existam. Santorini, a mais célebre das ilhas gregas, é assim. Curiosamente, a “culpa” dessa beleza geográfica sem igual é o ativíssimo histórico sísmico da região. No centro da ilha recortada em meia-lua está uma cratera que na verdade é a caldeira submersa de um vulcão, criada por uma série de erupções ocorridas no ano 1650 a.C.
E é justamente aí que entra a capacidade do homem de aproveitar com bom gosto o que a natureza lhe deu, no cume do penhasco que beira a cratera foram erguidas as famosas casinhas caiadas de branco, praticamente debruçadas no mar e enfileiradas em vielas estreitas. O cenário, completo por impecáveis cafés e hotéis, é irresistível, bem como o pôr do sol deslumbrante.
Muito antigamente, a ilha era redonda como uma bolacha até que algures em 1650 a.C. uma violenta erupção atirou para os confins do mar boa parte dela, alterando radicalmente a sua geografia. Este é um dos (muitos) lugares onde se julga poder estar submersa a Atlântida, a velha civilização descrita nas obras de Platão. Hoje, Santorini é uma meia-lua que abraça a caldeira e a cratera do vulcão (ao centro) que originou tudo isto. A vista que se alcança a partir de Fira, a capital, arrebata até o mais calejado viajante. A cidade serpenteia pela encosta vertiginosa que acaba no mar e as cúpulas azuis das muitas igrejas fazem parte da imagem de marca da ilha, tal como o casario caiado de branco encavalitado na escarpa.
As ilhas vulcânicas de Santorini são um dos destinos mais famosos da Grécia. Quem chega às ilhas de navio logo se encanta com a paisagem do montanhoso município de Fira debruçado sobre o mar. Lá no alto, é divertido circular por suas estreitas ruelas, envolvido por brancas construções arredondadas. Parece um mundo à parte, flutuante e fantasioso.
Perto dali, o povoado de Oia (lê-se Ia) pode ser alcançado de ônibus. Outra alternativa de passeio é conhecer um vulcão local, na pequena ilha deserta de Nea Kameni. A capital de Santorini chama-se Fira e tem vista para a cratera. Está distante 11 km do porto e a 300 metros do nível do mar, no alto do penhasco. Quando se chega a Santorini de navio, no porto, ônibus e táxis disputam a preferência do turista.
Há um outro cais, mais perto da capital Fira, muito usado por navios de cruzeiro, mas com uma imensa escadaria para subir todo o penhasco e chegar até a centro da cidade, há também um teleférico que cobra 4,00€ por trajeto. Quem prioriza economia ou aventura tem que superar quase 600 degraus. Haja fôlego e força nas pernas. Muitos desistem no caminho e são socorridos por mulas. Isso mesmo. Dezenas delas ficam à disposição para alçar os turistas ao topo de forma primitiva e ao meu ver um abuso aos animais, pois claro que os donos dos bichos cobram módicas quantias pelo transporte.
A vila de Fira tem pouco mais de 1.500 habitantes, e a maioria trabalha no comércio do artesanato. A especialidade são peças esculpidas em pedra. O passeio pelas estreitas vielas do penhasco vulcânico reserva surpresas. Pequenas casas de linhas curvas, com fachadas arcadas e muitas flores, despontam praticamente encravadas nas rochas. Os terraços avançam sobre o penhasco, garantindo boa vista para o mar. Muitos deles abrigam bares e restaurantes.
Chega o final de tarde, e os ônibus que vão para a vilarejo de Oia, a 10 km da capital, estão cheios de turistas. Objetivo, assistir ao espetáculo do pôr-do-sol, que, lentamente, ocorre atrás das dezenas de restaurantes na beira do penhasco. A partir do centro de Oia, é preciso caminhar 15 minutos por estreita ruas. No ziguezague das vielas no penhasco, o corpo e a mente se voltam para o mar e para o cenário de casas brancas com flores na janela. São casarões que se misturam a igrejas. Com o domo pintado em azul, destaca-se a igreja de Ayios Sóson, de 1680.
Mas Santorini não é só casinhas caiadas de branco e belas vistas, entre um passeio e outro, nada melhor do que uma parada numa das praias da ilha. Karteados, a 2 km do centro, é a mais próxima de Fira, mas as mais procuradas são Kamari, balneário turístico distante 10 km do centro, e Perissa, a 8 km da capital. As duas são bem parecidas. Ambas são forradas por uma mistura de areia e pedra vulcânica e quase não têm ondas. Dezenas de bares, restaurantes e pousadas se espalham pela orla.
Uma viagem a Santorini precisa ser apreciada lentamente, desse modo, perca o seu tempo a perder-se nas ruas de Fira. Passe depois por Imerovigli e siga para Oia que apregoa ter o melhor pôr-do-sol de Santorini. Se é o melhor, não posso garantir, mas lá que é um assombro, é. A meu ver, o pote de ouro de Oia é o pequeno e castiço porto de Ammoudi, no sopé da escarpa. Do outro lado da ilha, ficam as praias, umas mais desertas que outras, todas de areia preta. Se quer paz e sossego sugerimos Koloumbo. Se a sua onda é agitação, siga para Perivolos. Outros areais como Red Beach ou Paradise também lhe vão tirar o fôlego.
E, como estamos na Grécia, onde não há quilómetro quadrado livre de vestígios arqueológicos, em Ancient Thira é garantido: vai ter uma lição de história. À medida que for conhecendo a ilha vai perceber que alguns dos seus tesouros não estão em terra, por isso, faça-se ao mar e atraque em Nea Kameni, o vulcão. Dê um passeio à volta da cratera, mergulhe nas nascentes de águas quentes e zarpe novamente.
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