My dream is having all this map painted in red

Friday 26 November 2004

22/11/2004


Como minha aula só começaria às 01:45 dormi até mais tarde e acordei as 09 da manhã, fui para a escola e como tinha chegado um pouco adiantado aproveitei para ler meus emails.
Tive duas aulas com o professor Daniel e depois mais uma com a professora Mark.
Acima vocês podem ver a foto da "minha casa" aqui na Austrália.
Hoje não visitei nenhum lugar em especial e vou aproveitar para falar um pouco da Austrália:
Do outro do planeta, existe uma bela e surpreendente cidade que nasceu como uma colônia de prisioneiros. Os britânicos que desculpem mas Sydney é o melhor exemplo de que a Austrália é uma versão tropical da Inglaterra. Ela tem a organização e a limpeza da Inglaterra e como numa receita bem sucedida em que alguns ingredientes são acrescentados por acaso, tornando o gosto do prato ainda mais irresistível, a simpatia e o bom humor dos australianos, somados ao tempero que as diferentes migrações troxeram, fizeram de Sydney uma das metrópoles mais bonitas do planeta.
Está certo que para colocar os pés aqui é preciso amargar um dia num avião, dar quase uma volta ao mundo e ainda chegar um dia atrás do que eles estão vivendo por causa das 13 horas de fuso horário. Mas vale a pena. Sydney é a maior cidade da Austrália, é limpa, bonita, organizada, civilizada e suas maiores atrações - as praias, o mar, o porto, as montanhas, o surfe e as atividades ao ar livre são todas grátis.
Todos os semáforos emitem um som intermitente indicando aos que não enxergam direito a hora de atravessar, todas as calçadas são rebaixadas e se você parar por alguns minutos com um mapa aberto numa esquina, a probabilidade de alguém lhe oferecer ajuda é altíssima. As ruas não tem fiação elétrica aparente, nem outdoors, apenas discretos cartazes em frente as lojas, assim o olhar descansa.
Não bastasse ser limpa e bela, Sydney ainda é organizada, os locais dizem que ao contrário de Melbourne que foi planejada, Sydney cresceu desordenadamente. Mas os australianos não tem a mais vaga idéia do que seja de fato desordem. Qualquer morador da cidade que passasse apenas uma tarde no centro de São Paulo, depois de se desesperar profundamente, teria de repensar o que significa para ele a palavra caos.
Aqui não há gritaria, vendedores ambulantes, sujeira ou violência. As casas ficam sempre escancaradas para a rua e todas são sem muros ou grades, atestando o alto nível de vida do povo australiano.
Quanto às comidas, nem se fala. Aqui se pode degustar de Mc Donalds a refeições malaias, de pratos da Indonésia até combinações de culinária francesa com produtos australianos típicos, como canguru.
Parece uma ironia bem planejada do destino que em apenas 200 anos uma cidade que surgiu para ser uma colônia penal, onde as pessoas seriam levadas para ficar segregadas da sociedade, se transformasse nessa terra cosmopolita e liberal. Se o capitão inglês James Cook pudesse voltar para ver no que deu aquele pedaço perdido de terra seca e inútil, faltalmente não acreditaria nos seus olhos.
A história de Sydney e consequentemente da Austrália começou porque as cadeias na Inglaterra estavam superlotadas e a Guerra de Independência americana interrompeu o transporte de prisioneiros para a antiga colônia. Nesse ponto, alguém sugeriu que a Austrália seria um bom lugar para uma colônia criminal. A idéia foi aceita e uma expedição do capitão Cook aportou em Port Jackson, como foi batizado o porto de Sydney em abril de 1770. Um núcleo foi estabelecido e a cidade cresceu ao redor do porto. Mas o solo seco e arenoso deu trabalho aos recém-chegados.
Não havia comida, o que eles plantaram não cresceu e num momento mandou-se até uma embarcação para a Inglaterra em busca de mais mantimentos, só que naquela época uma viagem de Austrália à Inglaterra, que hoje, de avião, já não é das mais curtas, demorava meses. Quando os navios retornaram com as provisões, vários coitados deixados na ilha já haviam morrido de fome.
Mas dois séculos depois não só tendências gastronômicas e povos vivem aqui amigavelmente como até a arquitetura da cidade é um exemplo de sucesso. Como um bom uisque, Sydney tem um blend de velho e novo curiosamente harmonioso, o antigo e o moderno convivem armoniosamente.
Acostumados a fazer tudo em grande estilo, os australianos também bebem em quantidades industriais. Há álcool à disposição por todos os lados em lojas que vendem apenas bebidas, onde somente maiores de 18 anos podem comprar, quando estive em uma delas tive que mostrar meu passaporte para comprar algumas cervejas. Os pubs são o lugar de encontro predileto dos australianos onde as cervejas e vinhos são consumidos até altas horas da madrugada e o melhor voce nao paga nada para entrar, paga somente o que voce consome. Alguns restaurantes que não podem vender bebidas alcoolicas trazem estampados na entrada a silga BYO (Bring Your Own - algo do tipo: traga sua própria bebida), é assim que fazem os locais, passam numa das lojas de bebidas, compram seu vinho predileto e adentram os restaurantes com as garrafas em mãos. Há em outra cidade maneira mais civilizada de tomar um porre?

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