My dream is having all this map painted in red

Thursday, 12 July 2007

A cidade mais boêmia da América Latina

Madonna deve ter adorado o pique de Buenos Aires. Afinal, sempre achando que o dia de amanhã vai ser pior, o portenho aproveita a noite como ninguém. Às 23 horas, as ruas estão vazias. À uma hora da manhã o povo sai e as danceterias chiques da Costaneira Norte só pegam fogo lá pelas 4 horas. Existem casas para todos os gostos. Tradicionais, moderninhas, grã-finas ou undergrounds. Aos sábados, a última sessão de cinema só acontece à 1h30. Às 8 horas de domingo, tem gente voltando para casa. Ufa. É para guapo nenhum botar defeito.
O portenho é um boêmio de final de semana. Nos outros dias, ele trabalha muito, mas nem por isso deixa de curtir a cidade. Na hora do almoço, engravatados e executivas comem marmita nas praças e casais de namorados rolam na grama da Praça San Martín. Aliás as praças e os parques de Buenos Aires são a praia deles.
O fim de tarde é a hora dos cafés, estrategicamente plantados por todos os lados. O consumo do cafezito na Argentina é algo impressionante. Toma-se mais café do que cerveja. E em grande estilo. Primeiro vem o copinho de água com gás, duas bolachinhas e, em seguida, o café encorpado, com direito de ficar sentado o tempo que quiser na mesa. Dá para ler o Clarín e o La Nación, os dois principais jornais diários, sem ser incomodado pelo "quer mais alguma coisa?". Francesíssima a vizinha, não? É outra de suas boas manias.
As pessoas são elegantes e educadas. As mulheres são lindas e vestem-se com griffes e desfilam um olhar muito simpático.
No entanto, é só andar de carro para perceber que nem tudo é europeu por aqui. Com a mão no volante, o portenho revela o seu lado mais guapo. Corre, costura, quase atropela pedestres. Talvez tenha sido esse gosto por costurar que fez Buenos Aires ter a avenida mais larga do mundo, a 9 de Julho, com 140 metros de largura e dez pistas ideais para motoristas enlouquecidos. Entretanto, basta o farol passar para o amarelo que o europeu se reapresenta. Todos os portenhos, sem exceção, obedecem o vermelho mesmo de madrugada. É que a fobia de assalto em farol ainda não chegou à Argentina. Apesar de eles estarem reclamando da violência (mais uma queixa), a cidade é um jardim do Éden para qualquer brasileiro de cidade grande. Atenção principalmente aos motoristas de táxi, que parecem ter feito um estágio no Rio de Janeiro na arte de encontrar a maior distância entre dois pontos. A cidade está infestada desses veículos da década de 80 pintados de amarelo e preto. Na direção, muitos profissionais gabaritados demitidos do mercado devido à crise financeira. Durante o trajeto dá para discutir política, economia, Carlos Gardel, Maradona, Madonna.

1 comment:

Anonymous said...

É verdade, eles são bem boêmios mesmo. Quando eu fui aí, foi a trabalho, então nem deu pra sair muito a noite. Mas lembro que o pessoal saía para jantar muito tarde, acho que umas 22h, 23h.