My dream is having all this map painted in red

Monday 16 July 2007

Os Brasileiros Invadem Buenos Aires



Não sei se vou merecer esta honraria, mas ainda aguardo o meu lugar no panteão dos herois nacionais. Afinal, fui dos bravos soldados desconhecidos que participaram da invasão brasileira de Buenos Aires que ocorre todas os fins de semana. A campanha foi notável.
Nosso contigente, composto por homens e mulheres (os números são um segredo de estado) ocuparam os pontos estratégicos da capital portenha. O pelotão mais númeroso tomou, em poucos minutos, os quarteirões da Calle Florida, que, sendo uma rua exclusiva para pedestres, não sofreu a intervenção de divisões motorizadas. Tropas de elite dominaram rapidamente os bares sofisticados da Recoleta e as lojas elegantes de Buenos Aires, posição essencial para controlar o suprimento de roupas de grife e outros artigos de primeira necessidade.
Consolidada as invasões, as tropas verde-amarela iniciaram a segunda fase da campanha: a conquista da noite. Brigadas partiram com a missão de atacar áreas vitais como as churrascarias de Puerto Madero e as tanguerias do bairro de San Telmo. A tática empregada, apoiadas pelo fator surpresa, teve êxito empolgante. Já nas primeras horas da madrugada era impossível encontrar uma única boate resistindo as forçcas de ocupação brasileiras.
¨Buenos Aires é nossa!¨, penso, lá pelas tantas da madrugada, já encharcado de vinho.
A conquista, geralmente é rápida e indesmentível. Os portenhos não mostram muita resitência (muito pelo contrário, adoram o derrame de dinheiro brasileiro em terras estrangeiras).
Eu estava muito contente em ter a honra de participar de uma dessas invasões que acontecem todos os fins de semanas, embora não pudesse supor a dimensão que ela acabaria alcançando.
Eu comecei a desconfiar desta invasão quando decidi comprar minha passagem aérea para Buenos Aires há alguns meses atrás, quando descobri que há mais de 30 vôos diários ligando o Brasil a capital argentina, uma esquadrilha e tanto de aviões brasileiros cortando os céus argentinos (guerra é guerra). Eu, um soldado raso, encontrei uma passagem barata da Gol que partia de Guarulhos as 05 da manhã rumo a Buenos Aires.
No avião um exército incomum, casais em busca de romance na mais européia das capitais latino americanas, senhoras sonhando em saquear as vitrines das lojas de cashemere, homens e mulheres solteirões dispostos a qualquer violência para dominar uma portenha/portenho.
Quando se chega no aeroporto de Eseiza é que realmente cai a ficha que você está numa zona de guerra, na area de desembarque muitos argentinos (supostamente agentes duplos) com placas com nomes de agência de viagem brasileiras (eu como já comentei, um soldado raso, não dispunha de alguém me esperando em Buenos Aires para dar as primeiras instruções, regalia acho que oferecida somente aos oficiais de mais alta patente).
Enquanto isso, a invasão brasileira se consumava. Quase todos os hoteis da região central da cidade haviam-se transformado em domínio brasileiro inclusive com bandeiras brasileiras nos mastros de suas fachadas.
As casas de tango também foram tomadas pelos brasileiros. Mas uma noitada de tango vale todo o esforço patriótico de participar de uma operação de guerra. Por mais rancores que alguns alimentem contra os Argentinos, não há brasileiro que, depois de um tango, conserve qualquer resquício de rancor contra os nossos vizinhos.
Com o pelotão feminino então o efeito era mais forte, as brasileiras quase se jogavam nos braços dos dançarinos de tango Argentinos. Não consegui entender aquela explosão de (perdoem o termo) libido por um canto Argentino reluzindo brilhantina no cabelo e suor após sua performance no palco. Mas tenho que admitir que a sensualidade das dançarinas de tango hipinotizaram o pelotão masculino (sabe como é, soldados ficam carentes em guerra).
Buenos Aires naquele instante nossa Buenos Aires com todo seu charme europeu, com a vantagem de estar do lado do Brasil, está barata e cabe perfeitamente no período de quatro ou cinco dias de visita já havia sido tomada totalmente.
Mas no final da noite percebi que haviamos perdido a bataha, o povo Argentino acabou dominando os soldados brasileiros com seu carisma (acreditem eles têm isso) e já era impossível afirmar que ainda estavamos em guerra. Os casais em busca de romance haviam se rendido ao charme da cidade, as mãos das senhoras já não cabiam mais sacolas, nós os solteirões (homens e mulheres) não haviamos resistido a sensualidade daquele povo e fomos totalmente dominados na noite Argentina.
Final de estória, conclui que apesar de vivermos em guerra, principalmente futebolística, Brasileiros e Argentinos se adoram e se completam.
Esta invasão continuará ocorrendo, pelo menos por algum tempo, todos os fins de semana, esta é a nossa vez de invadi-los (lembram quando eles invadiram as prais brasileiras??? principalmente Floripa). Aconselho a todos os brasileiros a se alistarem na proximas batalhas.
Apesar de termos perdido a batalha em Buenos Aires fui promovido pelos meus superiores e deixei de ser um soldado para ser um espião brasileiro em terras Argentinas. Minha próxima missão será coodenar uma invasão a outra cidade Argentina, dessa vez iremos chegar por terra, comboios de onibus (pilotados pelos mesmos agentos duplos do aeroporto) nos levarão rumo a Bariloche (Brasiloche). A missão não será nada fácil, 20 horas de viagem cruzando a Argentina através de pampas e desertos até chegar a gélida cidade de Bariloche aos pés da Cordilheira dos Andes.
Desejem me sorte!!!

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