My dream is having all this map painted in red

Saturday 10 January 2009

Alemanha

 

 

Até pouco tempo atrás a Alemanha não figurava na lista de destinos turísticos dos viajantes, a não ser que você tivesse um parente querido vivendo por lá, ou que seu trabalho o fizesse visitar uma das milhares de feiras de negócios que os alemães organizam com sua conhecida eficiência profissional, era improvável que tenha passado pela sua cabeça tirar férias na Alemanha.
O mundo está cheio de lugares bonitos e convidativos e a Alemanha, embora tenha sido, indubitavelmente um dos lugares mais falados do século XX não costumava frequentar a lista de prioridades de quem viaja. É compreensível. De todos os povos da Terra, nenhum representou tão convincentemente o papel de vilão da Humanidade. Protagonista das duas grandes guerras de nosso tempo, responsável pelo Holocausto e pela disseminação de abomináveis teorias de supremacia racial, a Alemanha, por mais que lute contra os fantasmas do seu passado, ainda se esforça para se livrar completamente da imagem de terra de gente hostil ou pouco convidativa.
Não é injusta a associação, mas também não é curta a distância que separa os alemães de hoje dos erros de seus antepassados. Já lá se vão mais de 50 anos desde que Hitler que nem Alemão era, pois nasceu na Áustria, pôs fim à própria vida num bunker no centro de Berlim e, desde então, o país renasceu, reconstruiu-se e reunificou-se. As últimas obras dessa impressionante recuperação, alimentada, sobretudo, pelos bilhões de dólares do Plano Marshall, o socorro pós-guerra oferecido pelos aliados, até hoje a maior injeção de capital num único país em todos os tempos. Berlim, voltou a ser, oficialmente, a capital política da Alemanha, a cidade era até poucos anos atrás o maior canteiro de obras da Europa e seu horizonte, era apinhado de guindastes e gruas, testemunhando o grande esforço nacional para suturar as últimas feridas da guerra fria, que manteve o país tragicamente dividido até 1989.
Outro fator que afastava os viajantes da alemanha era o seu "muro". O muro de Berlin, aliás, foi mais do que um divisor entre as duas Alemanhas, a ocidental e a oriental. De certa forma, a infame parede ergueu-se, também, como um obstáculo às aspirações dos viajantes de um mundo que tem cada dia menos fronteiras. Quase duas décadas depois a queda do muro a Alemanha mostra a cada dia que merece ser visitada e para isso lançou mão de um arsenal de bons argumentos, organizou esplendidamente a Copa do Mundo de 2006 e exibiu ao mundo suas belezas e esforçou-se para mostrar ao mundo que a Alemanha de hoje não tem nada haver com a Alemanha do passado, sem dúvida a missão foi cumprida e hoje em dia a Alemanha é invadida por pessoas do mundo inteiro interessadas em saber mais sobre este país.
Cervejas, salsichas e casas de enxaimel continuam sendo, realmente, armas publicitárias alemãs. Onde quer que haja uma comunidade alemã no exterior, e há muitas delas, inclusive as expressivas colônias do sul do Brasil, você  vai encontrar esses três elementos juntos e, de alguma forma, eles sempre exercerão seu fascínio sobre os turistas. Se você vier até aqui, porém, vai descobrir que apenas mordeu a isca. A Alemanha vai tão além dos seus estereótipos quanto o Brasil, que para efeitos de divulgação externa baseia-se na trilogia Carnaval, praias e futebol.
Na verdade não faltam motivos para visitar a Alemanha, mesmo vivendo uma época de recessão mundial e tendo tornado o "subprime americano" assunto do cotidiano a Alemanha continua a ser um dos países mais ricos da Europa, o que não é pouco num continente de nações superdesenvolvidas. Por consequência, a Alemanha tem tudo do bom e do melhor, afinal os ricos podem dar-se a esses luxos, oferece uma ótima infra-estrutura a quem se dispuser a visitá-la, os transportes públicos não se atrasam, as cidades são minuciosamente limpas, os motoristas de táxi pilotam Mercedes de última geração e o senso de civilidade é tão exacerbado que o metrô não tem catracas e as pessoas compram as passagens apenas porque não fazê-lo seria impensável.
Na Alemanha as estradas não têm limite de velocidade e os motoristas viajam acima dos 200 km/h porque sabem que jamais encontrarão um buraco na pista. A Alemanha é a terra da eficiência e da disciplina.
É preciso dizer entretanto, que a união entre os destroços de guerra, a insonssa arquitetura comunista, os resquícios de uma região militarizada no passado e os novos prédios de aparência futurista transforma a Alemanha numa bagunça arquitetônica. O que tanto pode diminuir o encanto da viagem, quanto agradar aos que gostam de mistura de estilos. O que é certo é que você vai descobrir que a Alemanha vale sim uma visita e sem sombra de dúvida merece agora que eu volte um dia para conhecer mais sobre este país.

 

 

4 comments:

Unknown said...

sério que nao tem catraca no metrô???
Isso me faz pensar que primeiro mundo começa na cabeça das pessoas...

Unknown said...

sério que nao tem catraca no metrô???
Isso me faz pensar que primeiro mundo começa na cabeça das pessoas...

Unknown said...

Pois é Carol...
Quanto mais eu ando por esse mundo eu percebo que o Brasil, o nosso país, tinha tudo para ser uma superpotência.
Não nos falta nenhum tipo de recurso mas sim uma mudança no pensamento das pessoas.
Espero um dia que o Brasil deixe de ser o país do futuro para se tornar o país do presente.

Anonymous said...

Hummm... as coisas são mais ou menos assim. Acho que é a mesma coisa dos ônibus: as pessoas devem comprar os bilhetes, mas não existe cobrador (como em qualquer país da Europa). Só que... SE aparecer um fiscal (e isso não é raro de acontecer) e você não tiver o bilhete em mãos, as multas são altíssimas e não tem "jeitinho" que te livre de pagá-las. Fora do Brasil a gente vê que as leis existem e são realmente praticadas, e isso faz uma imensa diferença. No dia da posse do Obama eu vi isso: quem fosse pego vendendo ingresso para a posse (que tinha sido distribuído gratuitamente), pagaria uma multa de 100.000 dólares e ficaria preso por 1 ano ! Igualzinho aqui...
Um beijo !