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Wednesday 8 July 2009

Dostoiévski

Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski

 

Não se pode falar sobre a Rússia e não falar de Dostoiévski, na verdade Fiódor Mikhailovich Dostoiévski. Tive conhecimento deste escritor pela primeira vez em 2003 quando um colega de trabalho dos tempos em que trabalhava na Itautec era um leitor assíduo de Dostoiévski. Naquela época tive curiosidade sobre o escritor mas não passou disso. Anos depois com viagem marcada para a Rússia de Dostoiévski decidi que era hora de ler uma de suas obras e adorei a leitura do príncipio ao fim.

 

O famoso escritor nasceu em Moscou em 11 de Novembro de 1821 e faleceu em São Petersburgo em 9 de Fevereiro de 1881. Foi um escritor russo, considerado um dos maiores romancistas da literatura russa e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos. É tido como o fundador do existencialismo, mais frequentemente por Notas do Subterrâneo, descrito  como a "melhor proposta para existencialismo já escrita."

 

A obra dostoievskiana explora a autodestruição, a humilhação e o assassinato, além de analisar estados patológicos que levam ao suicídio, à loucura e ao homicídio, seus escritos são chamados por isso de "romances de idéias", pela retratação filosófica e atemporal dessas situações. O modernismo literário e várias escolas da teologia e psicologia foram influenciadas por suas idéias.

 

Dostoiévski, aos 17 anos, teve uma grande crise de epilepsia após saber que seu pai havia sido assassinado pelos próprios colonos, e deixou o exército cinco anos depois para dedicar-se integralmente à atividade literária. Dostoiévski passou a afastar-se das armas, mas acabou envolvendo-se em conspirações revolucionárias, das quais passou pela prisão e pela condenação de morte, embora a pena tenha sido comutada. Alguns autores acreditam que essas dificuldades pessoais auxiliariam Fiódor a se estabelecer como um dos maiores romancistas do mundo, mas de fato seu reconhecimento definitivo como "escritor universal" veio somente depois dos anos 1860, com a publicação de seus grandes romances, “O Idiota” e “Crime e Castigo”, este publicado em 1866, considerado por muitos como uma das obras mais famosas da literatura mundial.

 

Fiódor foi o segundo dos sete filhos nascidos do casamento entre Mikhail Dostoyevski e Maria Fedorovna. Mikhail era um pai autoritário, então médico no Hospital de pobres Mariinski, em Moscou, e a mãe era vista pelos filhos como um paraíso de amor e de proteção do ambiente familiar.

 

Seu pai tornou-se um nobre em 1828. Até 1833, Fiódor foi educado em casa, mas com a morte precoce da mãe por tuberculose em 1837, e a decorrente depressão e alcoolismo do pai, foi conduzido, com o irmão Fiódor Mikhail, à Escola Militar de Engenharia de São Petersburgo, onde começou a demonstrar interesse pela Literatura.

 

Em 1839, quando tinha dezoito anos, recebeu a notícia de que seu pai havia morrido. É aceito hoje, porém sem provas concretas, que o doutor Mikhail Dostoiévski, seu pai, foi assassinado pelos próprios servos de sua propriedade rural em Daravói, indignados com os maus tratos sofridos. Tal fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Fiódor, que desejou impetuosamente a morte de seu progenitor e em contrapartida se culpou por isso, fato que motivou Freud a escrever o polêmico artigo “Dostoiévski e o Parricídio”.

 

Dostoiévski foi detido e preso em 23 de abril de 1849 por participar de um grupo intelectual liberal chamado Círculo Petrashevski, sob acusação de conspirar contra Nicolau I da Rússia. Depois das revoluções de 1848, na Europa, Nicolau mostrou-se relutante a qualquer organização clandestina que poderia pôr em risco sua autocracia.

 

Em 23 de abril de 1849, ele e os outros membros do Círculo Petrashevski foram presos. Dostoiévski passou oito meses na prisão até que, em 22 de dezembro, a sentença de morte por fuzilamento foi anunciada. Dostoiévski teve de situar-se em frente ao pelotão de fuzilamento com uma venda e até mesmo ouvir o engatilhar das armas. No último momento, as armas foram abaixadas e um mensageiro trouxe a informação de que o czar havia decidido poupar a vida do escritor. Sua pena foi comutada para cinco anos de árduo trabalho em Omsk, na Sibéria.

 

O príncipe Myshkin, de “O Idiota”, oferece várias descrições sobre essa mesma experiência. Após a simulação da execução, Fiódor passou a apreciar o próprio processo da vida como um dom incomparável e, ao contrário do determinismo e do pensamento materialista, o valor da liberdade, integridade e responsabilidade individual.

 

Foi libertado em 1854 e condenado a quatro anos de serviço no Sétimo Batalhão, na fortaleza de Semipalatinsk, no Cazaquistão, além de soldado por tempo indefinido. Apaixona-se por Maria Dimítrievna Issáievna, mulher de um conhecido. Com a morte do marido e já no próximo ano, em fevereiro de 1857, casam-se.

 

Depois de dez anos voltou à Rússia. Na Sibéria chamou a experiência de uma "regeneração" das suas convicções, e rejeitou a atitude condescendente de intelectuais, que pretendiam impor seus ideais políticos sobre a sociedade, e chegou a acreditar na bondade fundamental da dignidade e do povo comum. Descreveu esta mudança no esboço que aparece em O Diário de um Escritor, O Mujique Marei:

"Sou filho da descrença e da dúvida, até ao presente e mesmo até à sepultura. Que terrível sofrimento me causou, e me causa ainda, a sede de crer, tanto mais forte na minha alma quanto maior é o número de argumentos contrários que em mim existe! Nada há de mais belo, de mais profundo, de mais perfeito do que Cristo. Não só não há nada, mas nem sequer pode haver."

 

Dostoiévski necessitava de dinheiro e sempre fora apressado em concluir suas obras, por isso disse não conseguir realizar seu pleno poder literário. Mais tarde, por saber bem o que as seguintes palavras significavam, disse: "A pobreza e a miséria formam o artista." Embora a frase pareça abrangente e generalizada, Fiódor costumou desviar-se do estilo de escritores que descreviam o círculo da família moldados na tradição e nas "belas formas", e engendrou no caos familiar que os humilhavam e insultavam. Essencialmente um escritor de mitos, criou um trabalho com uma enorme vitalidade e de um poder quase hipnótico, caracterizado por cenas febris e dramáticas, onde as personagens apresentam comportamentos escandalosos, e atmosferas explosivas, envolvidas em diálogos socráticos apaixonados além da busca de Deus, do mal e do sofrimento dos inocentes.

 

Li e recomendo a sua obra mais conhecida, “Crime e Castigo”, um livro que te prende a atenção da primeira até a última página, o escritor conta em detalhes pormenores que nem mesmo se eu tivesse presenciado as cenas escritas por ele iria notar. Definitivamente um clássico da literatura mundial.

Recomendo…

5 comments:

João G. said...

Neimar, é bom saber que já estás na Rússia e ainda mais saber que leste Dostoiévski. A literatura, assim como o povo de um país são um passo importante para o seu conhecimento profundo.

Abraço,
JGuilhoto

Unknown said...

Joao:
Dostoiévski eh a partir de agora um dos meus escritores favoritos.
Adorei ler o livro dele.

João G. said...

Já tenho alguns livros dele para ler aqui em casa.
Quando ler partilho.

Diverte-te na Rússia grande Neimar!
Abraço

Adriano said...

Legal esse texto, que sonho conhecer a Rússia. Cheguei até o teu blog pelo entusiasmo por Dostoiévski, fiquei sabendo que uma editora aqui de Porto Alegre vai lançar dia 15 as cartas dele em português. Abraço.

Unknown said...

Olá Adriano!!!

Obrigado pelo comentário aqui no meu blog.
Dostoiévski é sem dúvida um escritor que merece ser lido. Adorei o estilo de escrita dele, recomendo mesmo.
Abraço.

Neimar