My dream is having all this map painted in red

Saturday 21 July 2007

Bariloche - A Neve dos Brasileiros



Novas estações de esqui surgem todos os anos nos Andes. Mas quando o assunto é neve e fondue a preferência nacional continua sendo a pequena cidade a beira do Lago Nahuel Huapi.
Mesmo que você conheça paisagens mais imponentes, é provável que jamais tenha vivido uma sensação de grandeza tão forte como a que se tem do pico do Cerro Catedral, a segunda montanha mais alta de Bariloche. O nome Catedral, que batiza esse monumento natural de 2388 metros de altura, não foi dado por acaso. Ele é inspirado nas catedrais góticas, igrejas hiperbólicas, altíssimas, construídas na idade média para dar ao homem a sensação de que ele é uma ínfima particula de pó diante de Deus. A diferença, porém, entre uma catedral e o Catedral é que, na igreja, o sentido predominante é o de reverência e submissão, e no pico da montanha, com a paisagem aos seus pés, a sensação é de amplitude e liberdade. Nas catedrais góticas, o homem se sente diminuído. No Catedral, ele se sente ilimitado com toda aquela bela vista que se tem do seu topo.
Ali, o mundo que se conhece parece um outro mundo. A frente, na linha do horizonte, a altura dos olhos, não existe horizonte, o que há são nuvens, superiores, soberanas.
Abaixo, bem abaixo, estão montanhas, mas não quaisquer montanhas. Estas formam a majestosa e altíssima Cordilheira dos Andes.
Baixando mais os olhos, encontra-se um lago. Mas não pense que, dada a altura, o lago parece uma piscininha de criança. Ele continua imenso, pois não é um qualquer, é o Nahuel Huapi, onipresente em Bariloche com 554 quilometros quadrados de extensão. Por suas caracteristicas, de maneira natural, visto do topo do Catedral supera as intenções de qualquer catedral gótica.
Seria um lugar perfeito para se isolar e tendo apenas o vento como companhia, pensar e repensar a vida. Seria se não fosse o fato de estar aqui a mais famosa estação de esqui da Argentina e claro dificilmente se consegue ficar sozinho aqui.
A cidade está repleta de restaurantes aconchegantes e cafés. Cenários e paisagens de cinema, facilmente encontraveis em passeios turisticos tradicionais como o Circuito Chico que margeia o Lago Nahuel Huapi. Outro programa delicioso é subir até o Cerro Otto e tomar um café na confeitaria giratória que fica lá em cima, podendo ter uma visao de 360 graus de toda a regiao enquanto se saboreia as tradicionais medialunas Argentinas enquanto as montanhas cobertas de neve vão desfilando do lado de fora, se exibindo para você.
Além de se beber bastante, come-se admiravelmente bem em Bariloche e relativamente barato pelo menos comparando com os preços dos restaurantes de São Paulo.
O ponto alto da culinária de Bariloche está nos doces, mais precisamente nos chocolates. Há de todos os tipos e formatos, negros, brancos, marrons, amarelados, amargos, enjoativos de tão açucarados, decorados, enfeitados, recheados, desenhados, esculpidos, em torrões e por ai afora.
Não só os restaurantes ou as lojas de chocolates mas quase todo o comércio da cidade está confinado a uma única rua, no centro da cidade, a Bartolomeu Mitre, ou simplesmente Mitre, em torno da qual Bariloche gira. Ela começa no Centro Cívico, uma praça com construções rústicas de madeira onde ficam a delegacia de policia, a Secretaria de Apoio ao Turista e o Museu da Patagônia.
É lá que se aprende que muita coisa em Bariloche se chama Moreno em homenagem de Francisco Pascácio Moreno, o primeiro argentino a chegar ao Lago Nahuel Huapi e que no ínicio do século fez um levantamento dos lagos e montanhas de Bariloche.
Minhas considerações finais sobre esta cidade é que todos um dia devem passar por aqui e conhecer este pequeno paraíso. Uma cidade brasileira (sim, o português é o idioma oficial aqui) aos pés das Cordilheiras dos Andes que oferece aos visitantes brasileiros experiências impossiveis de serem vistas ou sentidas dentro de nosso país.

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