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Thursday 29 May 2008

Idiomas

THE-WORLD-FLAG
 

Sendo apaixonado por viajar e tendo tido contato com diferentes idiomas nessas viagens tenho que dizer que línguas sempre chamaram minha atenção. E língua e cultura são coisas totalmente ligadas uma a outra. O que fazemos é que usamos a língua como uma maneira de classficar coisas, e esta maneira como classificamos coisas no nosso idioma reflete a maneira como vemos estas coisas em nossa cultura e torna mais fácil convivermos e entendermos uns aos outros. Por este motivo é que aceitamos estes nomes comuns que colocamos nas coisas que nos rodeiam. Desse modo uma língua é algo simbólico, algo que representa em palavras e sons a nossa maneira de pensar.
Um língua não é somente uma ferramenta para ajudar as pessoas de uma mesma cultura a comunicar-se eficientemente, uma língua é acima de tudo uma janela pela qual as pessoas de uma certa cultura vêem o mundo.
Mas espere um momento. Porque uma língua nos revelaria alguma coisa sobre uma cultura particular? Todos nós não vemos o mundo da mesma maneira? Afinal, somos todos humanos. Não seria natural pensar que as pessoas de outras culturas usão a língua exatamente do mesmo jeito que nós? Bem, depois de pensar sobre este assunto por algum tempo eu tenho que dizer que receio que não.
A cem anos atrás, especialistas em línguas acreditavam que poderiamos dizer exatamente a mesma coisa em duas línguas diferentes bastando traduzir o vocabulário e aplicando a gramática. Mas no inicio do século 20, as pessoas começaram a olhar os diferentes idiomas mais de perto e um famoso línguista chamado Benjamim Lee Whorf estudou a língua dos Hopi, uma tribo do sudoeste americano e fez algumas interessantes descobertas. Este povo, vivia numa região muito fria, desse modo, eles tinham muito mais palavras diferentes para a "neve" do que em Português ou mesmo em Inglês. Whorf também aprendeu que os Hopi viam o "tempo" como um evento contínuo, que não poderia ser quebrado em unidades, desse modo na língua deles não havia maneira de contar o tempo, você não conseguiria dizer "uma hora", "duas horas". Não havia também palavras para diferenciar as estações do ano como primavera, verão, outono e inverno. Também não havia tempos passado ou futuro nesta língua e fatos como este levaram Whorf a algumas conclusões que revolucionaram a maneira como as pessoas encaravam as diferentes línguas e culturas.
Whorf aprendeu com este povo que a maneira como você vê o mundo é refletida na língua que você fala, porque a língua que você fala nasceu das necessidades da sua cultura e do ambiente onde você vive. Não há uma correspondência simples ou correlação entre idiomas. Todos que já alguma vez na vida tentaram traduzir alguma coisa de uma língua para outra, notaram que não é fácil traduzir certas palavras, as vezes é necessário usar palavras muito diferentes para que pessoas de outras línguas e culturas entendam o significado de uma certa expressão, o que prova sem sombra de dúvidas que línguas não são algo universal.
Línguas são diferentes, e não somente na maneira como soam, ou nas palavras usadas. As caracteristicas de uma língua, sua gramática, as palavras, são um produto da maneira como as pessoas daquela cultura experimentam o mundo e definitivamente nós não experimentamos o mundo da mesma maneira, o que significa que o ato de traduzir palavras de uma língua para outra não é suficiente para compreender o significado escondido por trás das mesmas.
É natural para nós, pensar que as pessoas de outras culturas usam a língua da mesma maneira que nós e isto se deve ao fato de que nascemos dentro de uma cultura e aceitamos a maneira como as coisas são sem pensar, e nascemos dentro de uma língua e aceitamos a maneira que esta língua representa a vida como algo natural e normal, fazendo-nos não notarmos que nossa língua nativa afeta a maneira como vemos o mundo.
Caso concorde comigo você deve estar pensando que o jeito é desistir. De que maneira nós poderemos entender povos de diferentes línguas estando as línguas tão relacionadas com suas culturas? Não será muito complicado traduzir idéias de maneira precisa? Não se despere, mesmo assim, acredito que seja possível comunicarmos uns con os outros de maneira efetiva.
O que Whorf descobriu foi muito importante na minha opinião. Grupos de pessoas compartilham uma mesma visão do mundo e devido a isto estes grupos desenvolvem uma língua que reflete sua visão do mundo. Embora línguas sejam um padrão que reflete nossa cultura, acredito sempre haver uma maneira inteligente para nós entendermos de maneira aceitável o que outra pessoa de diferente cultura tenta dizer. No final a mensagem que tiro das conclusões de Whorf é que nós podemos sim comunicarmos uns com os outros independente das diferenças linguisticas e culturais, mas ficarmos atentos a estas diferenças é um passo importante na direção de uma comunicação com mais qualidade e troca cultural.
Eu por exemplo gosto de estudar a língua inglesa e gosto muito de ver o interesse de outros povos em aprender português, minha língua nativa. O aprendizado de um outro idioma é o inicio de uma troca cultura muito grande e nos dá a oportunidade de ver o mundo de uma outra perspectiva da qual não estamos habituados.
Neste momento estou tendo a oportunidade de viver em Portugal, um país que assim como o Brasil têm o português como língua principal e é interessante notar as diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal e enteder como mesmo de maneira sútil os portugueses e os brasileiros refletem na língua sua cultura e o modo como vêem o mundo.
Em tempos de acordos ortográficos entre os países de língua portuguesa a conclusão que chego é que isso de nada adianta pois ninguém consegue mudar a maneira como povos diferentes enxergam o mundo e acredito que acordos como este são desnecessários e visam somente interesses comerciais e políticos.

1 comment:

Anonymous said...

olá Neimar!! Achei interessante o seu blogg. Gostaria de saber se vc sabe a distancia de onibus de porto alegre à buenos aires. Estou indo para a Austrália e devo além desta viagem, realizar outras!!! Quando vai de novo pela oceiania!?

Saudações,

Hugo Galvão
anjoarauto@yahoo.com.br