My dream is having all this map painted in red

Sunday 22 March 2009

Marrakesh

 

 

 

Marrakesh é uma cidade tão importante no Marrocos que deu nome ao país. Durante mais de dois séculos, esta cidade berbere, no ponto de intercâmbio entre o Saara, o Atlas e o Antiatlas foi centro de um grande império, e no interior das muralhas da cidade podem ver obras de ilustres construtores. É a capital do grande Sul e, apesar de ser apenas a terceira maior cidade do Marrocos depois de Casablanca e Rabat, os seus magníficos palácios e palmares continuam a fascinar os visitantes tornando-a a cidade mais importante do Marrocos em nível turistico.

 

 

 

Uma cidade que me impressionou, moderna, ampla, cosmopolita. Vê-se gente do mundo inteiro a caminhar pelas ruas e becos de Marrakesh, provando que o Marrocos é um destino da moda. Não chegaria a afirmar que é um país “tourist friendly” ainda falta muito para isso mas está no caminho. Ainda falta alguma infra-estrutura, melhores guichês de informação aos turistas e menos apelo para que os turistas comprem qualquer coisa que lhe ofereçam. Precisa-se convencer os comerciantes que deveriam deixar de ver os turistas como carteiras ambulantes e encara-los como pessoas interessadas em descobrir mais sobre o país, mas que também gostam de fazer compras mas sem a pressão existente no Marrocos.

 

A melhor maneira de se locomover em Marrakesh e basicamente em todas as grandes cidades do Marrocos é de taxi. Existem dois tipos de taxis no Marrocos, os “petits taxis” e os “grands taxis”. Os ônibus com linhas municipais costumam andar sempre cheios e o destino escrito em árabe na parte da frente do ônibus não ajuda em nada os turistas, evite-os drasticamente.

Os petits taxis são proibidos por lei de irem além das áreas urbanizadas e só podem ser usados para trajetos curtos. O uso do taxímetro não é muito comum e deve-se negociar antes mesmo de entrar no carro o valor da corrida. Este tipo de taxi levam até quatro pessoas e não se assustem se o motorista parar pelo caminho para apanhar mais passageiros indo na mesma direção, isto é totalmente comum no Marrocos. Qualquer viagem usando um petit taxi não deve nunca custar mais do que 20 dirhams (2 euros) mas o primeiro preço será sempre astronomicamente mais alto do que isso, negocie sempre.

 

 

 

Em contrapartida os grands taxis são carros maiores, são usados para viagens entre vilas e cidades. Este tipo de taxi nem chegam a possuir taxímetro e o custo da viagem deve ser sempre acordado antes. Se viajar em grupo, na maioria das vezes é mais barato se locomover entre cidades usando um grand taxi do que de ônibus ou trem. Não se espante se o motorista parar o carro durante a viagem para orar, um bom muçulmano faz suas orações cinco vezes ao dia, como manda o Corão.

 

O trãnsito em Marrakesh é caótico, sinais de trânsito não são respeitados, a lei que existe é a do maior, o maior sempre possui preferência. Qualquer motorista marroquino ficaria impossibilitado de dirigir se lhe tirassem a buzina do carro, eles a usam a todo o momento, tornando o trânsito uma loucura de sons, pessoas, carros, motos, charretes, jumentos e camelos. Muito cuidado ao atravessar as ruas, não há muito respeito pelos pedestres.

 

As viagens de ônibus e trem entre cidades é comum, ambos os serviços são baratos e a qualidade dos transportes é boa. Em viagens muito longas recomendo o trem pois os ônibus costumam ter assentos com pouco espaço e tornam longas viagens em um martírio. Sendo baratos, não hesite em comprar bilhetes na primeira classe dos trens, são muito confortáveis e sua chance de encontrar outros marroquinos que falem inglês sobe drasticamente.

 

 

 

Em Marrakesh o que mais impressiona quem a visita é a sua praça principal, chamada Djemaa El Fna. O movimento começa cedo com o sol já ardendo sob a cidade, encantadores de serpente, mágicos, malabaristas, acrobatas, mulçumanos sentados em tapetes lendo o Alcorão, dentistas que exibem milhares de dentes extraidos como prova de sua competência. Tudo acontece ao mesmo tempo, e o tempo ali nada mais é do que a soma dos segundos que definem novos sentidos.

 

- Quer tirar uma foto? Me pergunta em francês um garoto vestido numa jalaba (espécie de camisolão típico) amarela, fazendo evoluções com um chapéu preto enquanto toca um instrumento de metal.

- Sim, posso?  Respondo eu.

- Claro. Custa 10 dirhams (1 euro).

 

 

 

A praça Djeema El-Fna, em Marrakesh, ocupa um grande terreno asfaltado no centro da cidade. O garoto que pediu grana para ser fotografado não é exceção. As coisas funcionam assim. A praça vive repleta, dia e noite, de malabaristas, mulheres que aplicam tatuagens de hena (mas somente em outras mulheres), acrobatas, macacos, crianças lutando boxe e encantadores de serpentes. Tudo envolvido no batuque incessante dos grupos de música, um som hipnótico que não desaparecerá tão cedo da minha cabeça. Num dos lados da praça ficam perto de 50 barracas que servem excelente comida. Não se sabe de onde vem a carne, como e se os cozinheiros lavam as mãos, mas o padrão de higiene está à altura das bancas de pastel de feira de São Paulo. Cuscuz, brochetes de carne e frango, salada e tajine, tudo servido ali e bem barato. Perdi o receio e comi de tudo por ali, admito que pulei a parte dos caracois e não passei mal com nada, trazendo para casa a lembrança de sabores que nunca havia experimentado antes.

 

Marrakesh fica ao sul do país e é uma das chamadas cidades imperiais. Foi fundada em 1070 por berberes, o povo originário do deserto que forma uma das mais importantes etnias do Marrocos. É tombada pelo Patrimônio Histórico da Humanidade. Em seus arredores, estão resorts luxuosos. Certo dia fui conhecer o Palácio da Bahia, construído pelo grão-vizir Si Ahmed Ben Moussa entre 1898 e 1901. Bahia era como se chamava sua mulher favorita, ele tinha quatro, além de 24 concubinas (a poligamia ainda é legal no Marrocos, mas está em completo desuso). A arquitetura não é de cair o queixo, perto do que eu ainda veria, mas o palácio possui uma atmosfera envolvente, principalmente no pátio, onde as moças do harém pegavam um bronzeado.

 

 

 

Os jardins de Marrakesh são mais uma de suas marcas registradas. O mais espetacular é o Majorelle, construído em 1920 pelo pintor francês Jacques Majorelle, cujo dono era o falecido estilista Yves Saint Laurent, que o abriu ao público. Com 20 acres e um pequeno museu, montado no estúdio de Majorelle, ele é um oásis de tranqüilidade na agitação de Marrakesh.

 

 

 

De qualquer ponto da cidade se vê a torre Koutoubia, minarete erguido no século 14 que paira sobre toda a cidade. Da Koutoubia se ouve a voz do muezim chamando os fiéis para rezar "Allah u akbar!" ("Deus é grande!"), ele repete várias vezes nos cinco momentos em que todos os muçulmanos são chamados a horar a cada dia.

 

Após visitar Marrakesh duas perguntas insistem em ficar em minha mente. Conseguirá uma cidade tão exótica como Marrakesh conciliar tradição e modernidade? Conseguirá esta cidade manter seu estilo de vida juntamente com a invasão de ocidentais que a cada dia movimenta as ruas de Marrakesh? Sinceramente espero que sim pois essa é a magia de Marrakesh.

 

Koutobia

3 comments:

Unknown said...

oia, o Neimar pegou na cobra do marroquino!! hehehehehe

Unknown said...

Que blasfêmia!!!
Vai ser condenada a "80 chibatadas" quando for conhecer o Marrocos e vai "arder no mármore do inferno" quando morrer, tudo por causa deste comentário.
Hahahahahahahahahahahaha

Unknown said...

adoro suas gentilezas!
E não é blasfêmia não! A foto tá ai pra todo mundo ver@