My dream is having all this map painted in red

Saturday 20 June 2009

A fragilidade da vida

Air France

 

Recebi este texto por email de um amigo brasileiro que atualmente vive em Nova York e achei muito interessante, o texto é uma reportagem da revista brasileira Exame e acho que vale a pena ser lido.

O texto faz referência ao acidente com o avião da Air France que saiu do Rio de Janeiro em direção a Paris e caiu no Oceano Atlântico no dia 31 de Maio de 2009 com 228 pessoas a bordo. Uma das minhas paixões é sem dúvida viajar e para mim é inevitável estar a voar regularmente, não será este acidente que me fará temer os aviões até porque confio nestas máquinas e sei que somente uma sucessão de fatores pode ter causado esta tragédia, uma situação isolada, seja um raio, seja uma forte chuva ou turbulência não sou suficientes para derrubar um avião daqueles.

De qualquer modo o texto nos faz pensar que nossa existência neste mundo é muito frágil, posso hoje estar aqui a escrever este post e amanhã só Deus sabe o que a vida me reserva.

A lição que tiro de todos estes acontecimentos é que devemos dar mais valor aos pequenos prazeres da vida, as amizades, família e a todos que nos rodeiam.

Pensem nisso…

 

Texto da Revista Exame

 

" ... Aí um dia você toma um avião para Paris, a lazer ou a trabalho, em um vôo da Air France, em que a comida e a bebida têm a obrigação de oferecer a melhor experiência gastronômica de bordo do mundo, e o avião mergulha para a morte no meio do Oceano Atlântico.

Sem que você perceba, ou possa fazer qualquer coisa a respeito, sua vida acabou. Numa bola de fogo ou nos 4 000 metros de água congelante abaixo de você naquele mar sem fim. Você que tinha acabado de conseguir dormir na poltrona ou de colocar os fones de ouvido para assistir ao primeiro filme da noite ou de saborear uma segunda taça de vinho tinto com o cobertorzinho do avião sobre os joelhos. Talvez você tenha tido tempo de ter a consciência do fim, de que tudo terminava ali. Talvez você nem tenha tido a chance de se dar conta disso.

Tudo que ia pela sua cabeça desaparece do mundo sem deixar vestígios. Como se jamais tivesse existido. Seus planos de trocar de emprego ou de expandir os negócios. Seu amor imenso pelos filhos e sua tremenda incapacidade de expressar esse amor. Seu medo da velhice, suas preocupações em relação à aposentadoria. Sua insegurança em relação ao seu real talento, às chances de sobrevivência de suas competências nesse mundo que troca de regras a cada seis meses. Seu receio de que sua mulher, de cuja afeição você depende mais do que imagina, um dia lhe deixe. Ou pior: que permaneça com você infeliz, tendo deixado de amá-lo. Seus sonhos de trocar de casa, sua torcida para que seu time faça uma boa temporada. Suas noites de insônia, essa sinusite que você está desenvolvendo, suas saudades do cigarro. Os planos de voltar à academia, a grande contabilidade (nem sempre com saldo positivo) dos amores e dos ódios que você angariou e destilou pela vida, as dezenas de pequenos problemas cotidianos que você tinha anotado na agenda para resolver assim que tivesse tempo. Bastou um segundo para que tudo isso fosse desligado. Para que todo esse universo pessoal que tantas vezes lhe pesou toneladas tenha se apagado. Como uma lâmpada que apaga e não volta a acender mais.

Então, aproveite bem o seu dia. Extraia dele todos os bons sentimentos possíveis. Não deixe nada para depois. Diga o que tem para dizer. Demonstre. Seja você mesmo. Não guarde lixo dentro de casa. Não cultive amarguras e sofrimentos. Prefira o sorriso. Dê risada de tudo, de si mesmo. Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores bons. Seja feliz. Hoje. Amanhã é uma ilusão. Ontem é uma lembrança. No fundo, só existe o hoje."

5 comments:

A.V. said...

Neimar, acho qe a miséria humana é essa consciencia do fim da vida. Para uns, é premissa para viver o hoje sem pensar o amanhã, enquanto outros tem medo de viver o hoje, e lembrar que de repente só se morre daqui a 80 anos. A responsabilidade, a superpreocupação, o medo, impedem o mundo de viver boas coisas e de viver este minuto como se deve (sendo ou não o último). O tempo não existe, e nós temos que estar preparados.. de preferencia sem pensar muito no assunto, e agradecendo o que se tem agora.

Unknown said...

Amanda:
Belo comentário, faço minhas as tuas palavras.
Abraço.

João G. said...

Grande Neimar! Descobri para onde vais já! Não vou divulgar publicamente aqui, senão outros leitores que não saibam podem ler, mas lá faz frio...

Abraço Neimar e obrigado por acompanhares sempre o meu trabalho!

Unknown said...

hahahahahahahaha
Andaste a ver o meu perfil no Couchsurfing.
Sim, dizem que aquele lugar faz muito frio mas não foi por acaso que escolhi o verão para visitar este país.
Embarco no sábado dia 04 de Julho e tenho certeza que vou trazer boas histórias para o blog quando retornar.

Grande Abraço.

João G. said...

Sim CS!! :D aproveita por lá! Uma cultura diferente.

Grande Abraço